quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um sucinto memorial


 Era ainda uma criança e já desejava trabalhar na provinciana cidade de Icó.
Não tardou e consegui um trabalho na Farmácia Nossa Senhora das Graças.
Foi um desastre!
Só voltei a trabalhar muito tempo depois e ainda não era com o que gostava.
Trabalhei como vendedor e em agências bancárias(Manaus), o que me deu a oportunidade de freqüentar os cursos de artes cênicas do teatro Amazonas: verdadeiros bálsamos contra os malefícios de oito horas de trabalho bancário que abandonei quando conheci Algodooal. Uma ilha do Pará. Fiquei lá por quase três anos. Construí uma casa de madeira, pesquei, conheci todas as outras ilhas, inclusive, a de Marajó.
Lá conheci uma equipe carioca que trabalhava com Carnaval. Fui convidado por para fazer um teste nas oficinas da escola de samba ‘Mocidade Independente de Padre Miguel’.
E lá estava eu, no Rio de Janeiro: avesso sociológico de onde eu vinha. Só a orla marítima continuava a servir de pano de fundo no meu horizonte. A vida mudou de ritmo: fui pro samba.
Cumpri três anos com orgulho e satisfação o ofício de aderecista de fantasias de destaques dessa escola.
Só em São Paulo surgiu a oportunidade de fazer o meu tão sonhado curso de Inglês. Consegui trabalho numa rede de escolas de idiomas, a Heitor Penteado.
Ainda em São Paulo trabalhei em vários Institutos de Pesquisa.
Fugi de São Paulo.
Você já foi à Bahia, nego?
Não? Então vá!
Eu fui!
Lá me envolvi outra vez com educação. Contratado pela prefeitura de Santa Cruz de Cabrália, ministrei aulas no curso primário da pequena comunidade da Praia de Santo André, no litoral Sul da Bahia, na costa do descobrimento. Aí vivi mais de dois ano.
Retornei ao Icó por motivo de grave enfermidade de minha mãe.
Fui, então, convidado por Dona Lourdes Maciel para lecionar inglês e Artes no “Colégio Senhor do Bonfim” assim como pela senhora Ivana Carla Teixeira Nicolau, diretora do Grupo Escolar Ana Vieira Pinheiro para lecionar Artes, Português e para também produzir a apresentação da sua escola no Festival Folclórico do Município de Icó.
No ano seguinte, produzi a apresentação para o mesmo Festival pelo
Colégio Senhor do Bonfim, entidade que me efetivou em seu quadro de profissionais.
Decidi-me, então, depois de 16 (dezesseis) anos longe dos bancos escolares, prestar, para averiguação de conteúdos, o vestibular de Pedagogia de 1 998 da UFPB. Para surpresa minha, fui aprovado.
Nada veio tão a calhar na minha vida de profissional da educação como o curso de Pedagogia. Encantei-me com suas implicações de tal forma, que não esperei muito e já nos primeiros semestres estava trabalhando o meu primeiro projeto de pesquisa em educação, desenvolvendo temas acerca da atratividade e sedução que a escola não mantêm com o aluno ou vice—versa, o que inibe a curiosidade científica no aluno do ensino fundamental.
Fui secretário de Cultura de minha Icó e Diretor do Teatro da Ribeira dos Icós (1860) – o mais antigo do estado e um dos mais antigos do Brasil-. Faço Teatro de Rua, de palco e de paixão. Cinema comecei agora
Fiz pós graduação em Educação Especial e quero continuar meu aprimoramento, o que muito me tem levado à reflexão, tornando-me investigador constante do fazer artístico e pedagógico, na perspectiva do afeto, da liberdade e do compromisso.
Ah! Compromisso!
Isso sim, é digno de ser memorável.
Angelim de Icó

terça-feira, 24 de maio de 2011

Trailes da Minissérie Sedição de Juazeiro
 
http://www.youtube.com/watch?v=MUugpK8SJzY

http://www.youtube.com/watch?v=sZ0bZNiwqLc

http://www.youtube.com/watch?v=wrtcqIkrln4








Quando regi a cena da Cultura na Princesa dos Sertões



Reger a Cultura na Princesa dos Sertões  
- sinfonia arquitetônica do Salgado -
é leve fardo, por Deus me dado, a ser carregado -
É labuta abundante num reino de satisfações.

Poder olhar e entender a fala dos sobradões;
seus trezentos anos de História, o Ciclo do Gado;
riquíssimo tesouro, que nunca foi garimpado,
a plantar na gente, de Cultura, tantas lições.

Na Joia encravada pela mão do vaqueiro
- homem rude, de eterna luta, dor e tormento,
no embate com o indio, se mostra mais guerreiro -

uma história de três séculos eu contemplo,
feita por um povo festivo, belo e brejeiro.
Cultura, pra mim, é pedra sagrada como templo.

Angelim de Icó

terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma Pequena Viagem ao Reino do Louro







Cidade histórica, com o título de "Monumento Nacional" outorgado àquelas urbes que conseguiram formar um patrimônio arquitetônico e cultural respeitável, Icó se destinge pela imponência de seus sobradões, a beleza de suas igrejas, a preservação de edifícios de linhas clássicas, atestando o seu período de fausto, como o Teatro, a Câmara e a Casa de Pólvora, bem assim pelos muitos episódios que povoam as páginas da longe narrativa de sua existência. São quase três séculos de historia porque antes de iniciar-se o Século XVIII já se fazia notar, por aqueles sertões, a presença do colono audacioso, tentando impor-se à resistência do índio agredido em seu "habitat".

Essas lutas se acentuavam entre 17000 e 1710. E em razão delas, o então capitão-mor do Ceará Grande, Gabriel da Silva Lago, deliberou construir uma paliçada para defender os moradores das ribeiras do Salgado, constantemente ameaçados pelos indígenas revoltados. Esse pequeno forte, e as lutas que veio assistir, são como que um marco definidos da história icoense. Jornadas memoráveis se desenvolveriam naquela região. A principio, entre os colonizadores e os índios. Depois, entre os sesmeiros, os colonos e os agregados, culminando bem mais na frente, em cruentos combates entre famílias poderosas dominantes da região, comas famosas pelejas dos Montes com os Feitosas.

Em meio a tanto sangue derramado, crescia o Arraial Novo, numa planície ampla e fértil, muito bem situada para a atividade comercial dos que iam e vinham do litoral para o Cariri, onde o Crato era outro pólo centralizador do Ceará colonial.

Quando o padre João Matos Serra, administrador das Missões, logrou pacificar os múltiplos discordantes – posseiros, índios, agregados , etc. – povoado floresceu, sob a proteção de sua padroeira, Nossa Senhora do Ó. Um dia, que a história não registra, num dos muitos choques entre os Montes e os Feitosas, o coronel Francisco dos Montes, que vivia e dominava nas cercanias do Arraial, perdeu uma filha e a esposa do coronel sertanejo, apiedou-se da filha sepultada nos ermos daqueles sertões bravios, mandou levantar no local uma capelinha, sob a invocação de Nossa Senhora da Expectação. Em torno da paliçada florescera o Arraial Novo. Agora, em redor da capela da Nossa Senhora da Expectação, outro núcleo - próximo daquele - tomaria impulso mais rápido, porque, a essa altura, antes do Século XVIII alcançar sua metade, o lugar era o mais ativo centro de abastecimento de todo aquele vasto rincão. Em pouco tempo, muito pouco mesmo, o Arraial era tão prospero, que a Ordem Régia de 17 de outubro de 1735 o transformou em Vila, instalada solenemente a 4 de maio de 1738.

Em 1742, dado o seu ritmo de progresso e à importância vital para os objetivos colonizadores da Coroa Portuguesa, Icó tornou-se de uma Tropa de Linha, aquartelada, tendo como capitão-mor de ordenanças, Bento da Silva Oliveira.

Por esses tempos, o Arraial Novo já se fizera chamar de Arraial Novo do Icós, nome da tribo indomável que habitava a região e que acabou pacificada pelos esforços do padre João Matos Serra. Posteriormente, o topônimo seria simplificado apenas para Icó, ainda Século XVIII quando a Vila floresceu de modo extraordinário, penetrando no século seguinte como um dos centros comerciais e culturais mais importantes do Ceará.

A 6 de abril de 1764 tornava-se sede e freguesia, erigindo-se, em lugar da capelinha feita para marcar o túmulo da filha do coronel Francisco s dos Montes, a matriz do lugar, em louvor, igualmente, a Nossa Senhora da Expectação, templo que é hoje um monumento histórico-arquitetônico de grande expressão no contexto da tradicional cidade.

Antes do século XIX chegar à sua metade, a Lei nº 244, de 25 de outubro de 1842, elevou Vila do Icó à condição de cidade, imposição ao notável índice de progresso atingido pela povoação.

Icó era então uma cidade nobre. Barões e viscondes, gente de sangue azul, títulos conquistados através do poderio econômico e da importância política, constituía a parcela central de sua população. Ricas residências, com móveis, louças e pratarias importadas, objetos do mais fino lavor, caracterizam o nível social que urbe sertanejo atingira no século passado. Sua praça comercial abrigava comerciantes procedentes do Recife, de Olinda, dos Inhamuns, do Piauí e do Cariri. Na Rua Grande, estabelecimentos comerciais de enormes estoques e movimento, quase todos de propriedade de cidadãos portugueses e que veio a gerar, na alma do povo de Icó, um forte sentimento contra o domínio lusitano. E a cidade, que nascera sob o signo da luta, integrou à sua rica história alguns outros acontecimentos memoráveis, como, por exemplo, a rebeldia de sua Câmara, a 11 de julho de 1824, negando obediência à Constituição a apoiando o movimento da Confederação do Equador. A 25 de outubro, era feito o juramento à Constituição Republicana, empossando-se o Governo provisório, do qual era presidente o vigário Felipe Benicio Mariz e secretario o padre Manuel Felipe Gonçalves .

Alguns anos após, muito sangue voltaria a correr nas ruas de Icó, quando as tropas de Pinto Madeira e do padre Antônio Manuel de Sousa – o célebre "benze-sacerdotes" – composta de 5.000 homens, marchou sobre a capital, Fortaleza. Uma coluna dessa tropa chegou a Icó e foi violentamente recebida pelas forças fiéis ao Governo que se empunham ao movimento restaurador liderado no Ceará por Pinto Madeira após a abdicação de Dom Pedro I.

Outro ponto luminoso da bela e longa história de Icó, foi a emancipação de todos os seus escravos, durante um "Te Deus" em praça pública, no dia 25 de março de 1883, um ano antes da abolição geral em terras cearenses, no que Icó só foi superado apenas por Redenção.

A par de sua riqueza histórica, do seu patrimônio arquitetônico e dos fatos cívico – patrióticos que marcam a sua existência, Icó destaca-se igualmente pela sua tradição religiosa. As cerimônias realizadas em seus suntuosos templos atraíam pessoas até de Províncias vizinhas, como de Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em razão disso, era como que uma questão de honra, das famílias mais importantes, possuir um clérigo dentre os membros, motivo pelo qual são numerosas as personalidades eclesiásticas nascidas em solo icoense, que se projetam no Ceará e em todo o país.

A partir da grande seca de 1877 e, pouco tempo depois, a epidemia de cólera-morbo que praticamente dizimou toda a sua população, a cidade entrou em declínio, jamais recuperando o seu grandioso desenvolvimento de outrora e cedendo sua posição de liderança naquela área de Estado a outras cidades mais jovens. Não obstantes, ainda é na atualidade um centro importante e, especialmente, um verdadeiro"Monumento Nacional", ponto de atração turística e de respeitosa admiração por parte de todos os brasileiros.

Registre-se, finalmente como evidência do progresso que assinou o prestígio de Icó no século XIX, a criação de sua Comarca, juntamente com as de Sobral, Aracati e Quixeramobim, pelo Decreto Geral de 13 de dezembro de 1832. Até então, existiam apenas as Comarcas de Fortaleza e do Crato, as mais antigas do Estado.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

1º de Maio - Meu Manifesto


1º de Maio
Meu Manifesto

É com tristeza que vejo a situação do Icó e de nossa gente. 

Paira por sobre a cidade uma melancolia decepcionada, uma desesperança, como se fosse possível, ainda mais acentuada. 

Icó agoniza na Saúde, dores duplicadas; enrudece na Educação, sua maior lástima; vem se perdendo em sua identidade Cultural, sem Natal, nem Carnaval, num obscuro festival de inoperâncias, incompetências, descasos e malversação do dinheiro do povo.

Não raro se escuta dos gestores que as inadimplências de Icó junto aos Governos Federal, Estadual e até Municipal, são culpas das administrações passadas, como se a administração atual não fosse um resumo e uma nefasta e vergonhosa síntese do nosso passado político. Não precisa ser de uma inteligência brilhante, nem entendido em Política para diagnosticar a fraqueza e a covardia dos que, numa comunhão excomungada, retaliaram o Icó e retalharam a Moral e a Ética em um casamento feito entre inimigos entre si e entre o povo. Icó foi ultrajado, enganado e, agora, completamente decepcionado com o festim resultante deste banquete imoral. Icó vai mal e mau.

A tristeza apresentada na introdução vem acompanhada de um alento: quem sabe nossa gente precise sofrer muito mais para aprender a escolher. Deixar de ser esquecida, quase demente, por não se lembrar dos mais de vinte anos que passou sob o julgo desses grupos, agora unificados, que viveram sempre apartados, um pelo outro odiado e, assim, num passe de mágica virou coisa do passado, tudo acertado, as honras lavadas, as difamações revogadas.

Quão poderosa é a borracha do interesse e quão vergonhoso é o borrão que ela deixa em nossa sociedade que fica completamente baseada na mentira, na hipocrisia, na covardia, na falta de vergonha e, o mais estarrecedor, uma total falta de amor pela Princesa dos Sertões, que vive suja, desgrenhada, abandonada. Um horror!

Refletir e agir. Não se deixar mais iludir. E, em todo caso, pedir para sair. É um poder que temos como cidadãos e cidadãs honrados, honestos e que amam a Princesa. Não deixemos que cafetões inescrupulosos prostituam e escravizem o destino que lhe poderia ser muito mais glorioso, muito menos miserável, ou, no mínimo, um pouco mais esperançoso.

PT saudações